As pessoas não sabem viver
E culpam os outros por isso
Querem notas e diplomas ao invés de conhecimento
Não querem apanhar do vento ou do sol
Mas querem a brisa e o bronzeado de uma casa de praia
Preferem não dizer a verdade ficando cegas de tanto piscar
Não olham nos olhos da realidade – a omissão é um veneno diário
Não compreendem que o amanhã é uma invenção sem lógica
Que o ontem é o que resta de alguma parte - com ou sem importância
Que só o hoje acontece – e que ele pode parar quando bem ou mal quiser.
As pessoas não entendem as pessoas
E acham isso perfeitamente normal
Não querem viver sozinhas abraçadas pela falta das laranjas
E com isso se dispõem a encarar relações mais solitárias, vazias, vingativas...
Preferem fingir que a sociedade está em trajeto, rumo ao infinito;
Sendo que ela já errou o traçado, quebrou os eixos e houve o capote em curva
Ainda ecoando o rangido de cada volta do desastre e de cada soco no estômago
As pessoas dizem que se amam para se comerem
Não passando de animais falantes e perfumados carregando armas e flores cheias de segundas intenções
E é tudo assim, por paixão;
Por uma continuidade tridimensional enganosa, fétida, sensual, viciosa e risonha.
As pessoas estão no espaço sideral e sentem o chão
Pisam umas nas outras
sem flutuar.