domingo, 27 de novembro de 2011

Janela Maldita

As pessoas não sabem viver

E culpam os outros por isso

Querem notas e diplomas ao invés de conhecimento

Não querem apanhar do vento ou do sol

Mas querem a brisa e o bronzeado de uma casa de praia

Preferem não dizer a verdade ficando cegas de tanto piscar

Não olham nos olhos da realidade – a omissão é um veneno diário

Não compreendem que o amanhã é uma invenção sem lógica

Que o ontem é o que resta de alguma parte - com ou sem importância

Que só o hoje acontece – e que ele pode parar quando bem ou mal quiser.

As pessoas não entendem as pessoas

E acham isso perfeitamente normal

Não querem viver sozinhas abraçadas pela falta das laranjas

E com isso se dispõem a encarar relações mais solitárias, vazias, vingativas...

Preferem fingir que a sociedade está em trajeto, rumo ao infinito;

Sendo que ela já errou o traçado, quebrou os eixos e houve o capote em curva

Ainda ecoando o rangido de cada volta do desastre e de cada soco no estômago

As pessoas dizem que se amam para se comerem

Não passando de animais falantes e perfumados carregando armas e flores cheias de segundas intenções

E é tudo assim, por paixão;

Por uma continuidade tridimensional enganosa, fétida, sensual, viciosa e risonha.

As pessoas estão no espaço sideral e sentem o chão

Pisam umas nas outras

sem flutuar.






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