sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Diálogos #5

A única ‘coisa’ que realmente é única em toda a imensidão do universo é o próprio universo. O que faz com que essa imensidão sem tamanho seja diferente das demais comparações possíveis de uma simples mente humana imaginar é o simples fato de que o universo sustenta (ainda) todas as demais ‘coisas’, tornando-as, portanto, não tão únicas em essência. Certamente e, devidamente, os seres racionais devem se admirar e insultar o status de ‘único’ em diversas ‘coisas’ maiores que abóbodas ou circunferências das próprias cabeças, mas isso não passa de mais uma pequena ilusão necessária para nos sentirmos grandiosos perante tamanha enormidade de vazio (ou não) e distancia entre esse nosso ponto azul (erroneamente denominado de planeta terra – sendo que, terra é marrom e não azul) e qualquer outro ponto (de diâmetro totalmente insignificante – em comparação ao universo em si). Mas o pior de tudo é que, ironicamente, nós não temos a capacidade de intercalar nossos interesses (ou mesmo passar férias) em outros pontos minúsculos próximos de nós. Até mesmo o fato de ter-se um dia pousado no satélite natural do planeta, até hoje ainda é questionado pelos mais céticos que desconfiam que tais acontecimentos não passaram de disputas imaginárias por uma ‘Atlântida’ sem tesouro algum – foi apenas a conhecida prepotência de mostrar à todos quem é o mais poderoso e mais inteligente (¿).
Mas, voltando ao assunto principal: que porra é essa de universo e por que dizem que essa ‘coisa’ não tem fim? Tudo realmente teria se originado com uma explosão psicodélica? Ou esse tal de infinito onde pairamos é apenas o reflexo de um transcendente (realmente desocupado)? Perguntas a parte, ‘a coisa única’ se mantém crescendo – enquanto EU escrevo, enquanto VOCÊ lê -, e não fazemos a menor diferença em relação ao processo de osmose interestelar.

Na fila do Check-in...
- Você pegou os passaportes?
- Não. Pensei que o combinado fosse você cuidar disso e eu das travas das janelas de casa, da irrigação do jardim, do fazer as malas, de ligar para alguém de confiança para alimentar o gato e dar uma olhada se está tudo bem enquanto estivermos em Praga. Você não pegou os passaportes?
- Não... Fiquei o dia todo entrando em contato com a agência de viagens para trocar ‘as milhas’ que temos por poltronas da classe executiva ao invés da classe econômica. Afinal, é um vôo de dez horas! E agora?
- Agora a gente não vai, seu desleixado. Não há mais tempo. Os aviões não param por nossa causa, o mundo não para por nossa causa... Seu sacana; sabe quando vai ser a minha próxima folga? Sabe o trabalho que deu pra fazer toda a minha parte?
- Ah queri...
- Não ouse responder. Você não sabe mesmo!

Afinal de contas, quem é você?
Um rosto em meio à multidão esbanjando posse de um documento (que tem seu rosto nele)?
Um terráqueo (de várias ‘cores’) preso em linhas políticas querendo conhecer o mundo sem nem mesmo conhecer a sua vizinhança?
Um alguém que nunca se sente em casa?

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