terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Diálogos #19

Antes?


Delírios são fins. O fim nasce devido à febre de acreditar que meios são propostas e que inícios são coadjuvantes metafísicos em busca do que pode vir a ser o tudo. Mas nada existe – segundo as leis da arquitetura do conhecimento pleno acerca do universo (seja ele pessoal ou cadenciado a ser coletivo, ou ainda, num âmbito maior: de se pensar além da natureza da existência; que precede a linha forjada das relações entre realidade paralela e fantasia). Nada. Inícios, meios e fins – tudo gira em torno de revelação. Não só de meios é que os fins são compostos e nem de só de inícios é que somos forçados a começar (para isso inventou-se o ‘recomeço’, que é a crítica a toda essa ideologia forçada de que não há outra explicação plausível). Se no final fecham-se os olhos e há escuridão, por que há luz no fim do túnel? Se o início é uma benção iluminada, por que nascemos com os olhos fechados e com baixa perceptividade acerca de que merda está acontecendo? Em ambos os casos, a resposta se dirige ao meio. Talvez, em alguma espécie de retrocesso cataclísmico, o meio seja a única maneira de provar que destinos não existam. O meio, analisando-se por esse ponto de vista, é o tempo presente e, desse tempo nada se pode prever ou rever: apenas ver. Mas, com infelicidade há um detalhe que é um distúrbio: todos nós não enxergamos o amontoado de expressividade que ocorre enquanto o ‘tempo meio’ corre. Em verdade, deixando-se completamente de lado o início e o fim, o meio também é escuridão – para alguns é cegueira total, enquanto uma eventual parcialidade de ver, atuar e sentir a física e não-física é regra de poucos -, não existe totalidade alguma em algo que se represente a partir de três sentidos, tendo suas disparidades enquadradas em circunstâncias que sempre se elevarão ao meio, sem justificativa. Por outro lado, o tudo é uma desculpa para que não haja conflitos entre entender aspectos e reinventá-los. Não existe o existir. O não é um despojo incomensurável de negação – que também não existe. A regra é: ‘não’ existe o ‘sim’, pois o ‘sim’ é dependente de seu antagônico para que tenha significado simples ou específico; isso se aplica a tudo o que já foi pensado. “Todas as palavras levam a uma só”: tal palavra que não existe, mas que pode muito bem ser representada pelo silêncio.


Início?


- Bom dia vizinho! – Exclamou o grande homem.

- Bom dia! – Indagou o outro homem.


Meio?


- Você pode me ajudar com o chuveiro? – Perguntou o outro homem.

- Mas com certeza! – Exclamou o grande homem.


Fim?


O outro homem chorou ao saber de que o grande homem havia tomado partido eterno da palavra que é uma só.


Depois?


... Revelação...


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