quinta-feira, 6 de setembro de 2012

História Insolente


Em algum lugar deste pequeno planeta,
existe um ser humano deitado numa calçada coberta por neve
de frente para um hotel.
Sobram quartos com aquecimento ou camas simples com cobertores,
mas o recepcionista precisa dos números documentais daquele que sente frio.
Além dos números, também existe a necessidade de uma troca;
somente após o recebimento de outros papéis, cortados em formato retangular e,
que também possuem números como estampa, o calor poderia ser um gesto de humanidade.

Provavelmente, o frio da calçada coberta pela neve matará um ser humano;
o inverno se tornará rigoroso e acusado por isso.
Talvez alguém culpe deus – o gigante invisível -,
Outros dirão que os réus são aqueles que não deram abrigo: o recepcionista, o gerente ou o dono do hotel;
os mais céticos culparão os governos; procurarão justificativas morais e históricas que enfraqueçam o sentido de responsabilidade – por final se desviando do problema.

Essa é uma história insolente:
de algum modo, todos nós somos inocentes
até o próximo incidente,
E assim por diante...




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