Em algum lugar deste pequeno planeta,
existe um ser humano deitado numa calçada coberta por neve
de frente para um hotel.
Sobram quartos com aquecimento ou camas simples com cobertores,
mas o recepcionista precisa dos números documentais daquele que sente
frio.
Além dos números, também existe a necessidade de uma troca;
somente após o recebimento de outros papéis, cortados em formato retangular
e,
que também possuem números como estampa, o calor poderia ser um gesto
de humanidade.
Provavelmente, o frio da calçada coberta pela neve matará um ser
humano;
o inverno se tornará rigoroso e acusado por isso.
Talvez alguém culpe deus – o gigante invisível -,
Outros dirão que os réus são aqueles que não deram abrigo: o recepcionista,
o gerente ou o dono do hotel;
os mais céticos culparão os governos; procurarão justificativas morais
e históricas que enfraqueçam o sentido de responsabilidade – por final se
desviando do problema.
Essa é uma história insolente:
de algum modo, todos nós somos inocentes
até o próximo incidente,
E assim por diante...
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