segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Diálogos #18

Pensar acerca do passado quando não há um advérbio que sustente essa ação no presente, ou em um futuro não muito remoto, é total perda de tempo. O passado (como se autodenomina) é algo excluso, deposto e sem garantia de que servirá outra vez como modelo de sustentação – ou qualquer coisa do gênero. O que passou, realmente e apenas (no sentido amplo), serve-nos como experiência; os acertos ocasionais e, principalmente, erros um dia premeditados. Nesse sentido, o que falar sobre a disciplina História? Bem, ela é curiosa – certamente. Não há mistério algum no sentido da História, mas existem incertezas nos diversos passados que as diversas correntes referente aos diversos posicionamentos subjacentes aos diversos historiadores: implicam como factuais (¿)... Esse é o problema de um “passado cientifico” (talvez [*digo ‘talvez’- para amenizar] por isso não se possa definir um). Por isso, a História se parece tanto com a Política. Ao invés de todos se unirem pela mesma causa (no caso da História, relatar de fato: o passado), todos se separam por uma causa (no caso da Política, partidos: cada um prometendo suas obras – algumas vermelhas, outras azuis... Que porra de diferença faria misturar o vermelho e o azul e pintar de roxo?). Mas a discussão sobre o método de se fazer a História termina aqui (a de se fazer Política também – já que foi apenas uma analogia e nem faz parte da idéia desse texto). De importância absoluta para os pontos centrais dessa discussão, há a necessidade em se separar História (como disciplina) e passado. “O que está feito está feito”, e qualquer um, qualquer coisa pode ‘fechar seus olhos’ para aquilo que não quis ver.

- Cara... Que saudade dos meus treze anos de idade – Disse J. num tom de voz nostálgico.
- Por quê? – Perguntou A. –. Não ta feliz com um bom carro na garagem, com tua casa, tua esposa, filho, emprego... – fez uma pausa –. Ah, você sabe... O que houve?
- Sei lá... A vida passa muito rápido! – Afirmou J. –. Era legal o tempo em que eu não me preocupava com IPVA, IPTU e tantas outras coisas...
- Não seja um nostálgico e bossal – disse A. -. Aos treze anos de idade todo garoto quer ter a nossa idade (talvez um pouco menos) pra poder dirigir, fazer a barba e outras coisas... – pigarreou -, você sabe do que eu estou falando. Todas as idades têm um preço. Quando tínhamos treze anos à gente queria ser velho, não queria ter treze anos... Agora que já estamos quase nos trinta você olha para o passado e diz que ter treze anos é melhor?! Bobagem! – Disse A.
- É, eu sei... Bobagem mesmo – Disse J. -, o passado, depois de tanto tempo, se tornou um bem precioso.
A. Olhou para J. e deu uma gargalhada despojada – daquelas que deixam qualquer um vermelho e sem ar. Por fim, recuperou o fôlego e disse:
- Meu amigo J. – continuou rindo – pensa tanto no passado que se esquece de uma analogia simples. Acorda cara! Daqui a trinta anos é que a gente vai estar acabado (se nós sobrevivermos). O futuro é que acaba com a gente: não o passado!
A. riu mais ainda.
J. riu também (por fora); enquanto (por dentro) levava sua mente a um passado mais próximo – como se isso ajudasse a amenizar o presente.

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